quinta-feira, julho 05, 2007

Viagens

"O que mais deixei para trás, em cada viagem que fiz, foram os amigos que não voltei a ver. Amigos verdadeiros, instantâneos, instintivos, amigos do peito, para toda a vida. (...) Lá fora, sobretudo quando viajo sozinho, sou um homem novo, sem país, sem destino, sem passado nem futuro: apenas o tempo que passo. E assim, porque sou verdadeiramente livre e desconhecido, acontece-me frequentemente tornar-me íntimo amigo de pessoas que acabei de conhecer há meia dúzia de horas.
Disse-me uma vez, numa dessas constrangentes despedidas, um amigo: "Os que não morrem, encontram-se." mas aprendi que não era verdade, infelizmente. Quando muito, poderia talvez acreditar que os que se encontram nunca mais morrem na nossa memória. Mesmo que apareçam tão somente assim, esporadicamente, do fundo de uma gaveta, onde vive, arquivada, a luz dos dias felizes."
Miguel Sousa Tavares
Sul - Viagens

1 comentário:

André disse...

Boas imagens tem esse livro. Vale mais por isso do que pela escrita. Também depois de ler o Equador tudo parece mais fraco!